Essa é a minha história. Foi um episódio doloroso na minha vida, mas foi algo
que faz parte da existência.
Eu estava casado fazia 4 anos. A vida não era perfeita, mas ao lado da minha
maravilhosa esposa tudo parecia estar bem. O nome dela era Jaqueline. Nós
tínhamos a nossa casa, um carro e um cachorro. Apesar do dinheiro não estar
sobrando, nossas contas eram sempre pagas em dia. Estávamos pensando em ter um
filho, dar o próximo grande passo na nossa relação.
Como sempre, para a Jaqueline, tudo tinha que ser bem planejado e bem pensado.
Então depois de algumas contas feitas, decidimos que realmente estava na hora de
tentarmos ter um filho. Então, ela resolveu fazer alguns exames médicos para ver
como estava a saúde dela, para ver a melhor hora para ela engravidar. Tudo
estava perfeito, e nós fomos em frente. Pouco tempo depois, ela estava grávida.
Tudo estava indo muito bem no começo da gravidez. Tudo de acordo com o
planejado. A barriga dela ia crescendo com os meses, junto com a nossa
felicidade. Mas com o tempo apareceram algumas complicações. Ela tinha problemas
com a pressão e as vezes tinha sangramento.
No final da gravidez dela foi que o pior aconteceu. Depois de um final de semana
com dores no abdome e alguns desmaios, ela entrou em trabalho de parto na
segunda feira a noite. Infelizmente ela acabou falecendo durante o parto, mas o
nosso bebê conseguiu nascer sem problemas, uma linda menininha.
Apesar da felicidade que a nossa filha me trouxe, eu acabei entrando em
depressão. A minha família e a dela tentavam ajudar do jeito que podiam, mas eu
realmente estava sentindo muita falta da minha Jaqueline. O tempo passou e eu me
fechei para o mundo, dedicando todo o meu tempo para a minha filha. Eu vivia e
trabalhava por ela agora.
O tempo foi passando e a pequena Jaqueline (eu dei o nome da mãe dela para ela)
foi crescendo forte e saudável. Mas eu sempre notei algo de estranho nela. As
vezes eu pegava ela rindo sozinha e encarando para um ponto na parede. Ela foi
crescendo, e com 1 ano e meio começou a falar aquela linguagem de bebê. Sempre
que ela estava sozinha, ela falava muito. Ela também ficava correndo sozinha
pelo apartamento, como se estivesse brincando de pega-pega. Eu sempre pensei que
esse era o comportamento de uma criança saudável e estava contente com isso.
Quando ela começou a interagir com outras crianças, ela notava que as outras
tinham mãe, e ela não. Eu acabei explicando (da melhor maneira possível para uma
criança de 4 anos) por que ela não tinha mãe. Ela acabou aceitando o fato e
continuamos com a nossa vida juntos.
Então algo estranho e maravilhoso aconteceu. A minha pequena Jaqueline estava
com 6 anos agora. Numa sexta à noite quando eu cheguei cansado do trabalho, me
sentei para conversar com ela (como sempre fazia). Ela me falou como tinha sido
o dia na escola e o que tinha feito durante a tarde. Depois da conversa e do
jantar, botei ela para dormir e fui para a cama também. Durante a noite, eu
acordei com alguém passando a mão no meu cabelo. Achei que fosse a minha filha,
e sem abrir o olho eu falei para ela ir par a cama que já estava tarde. o
carinho parou, mas como eu não ouvi o som dos pezinhos dela indo para o quarto,
eu abri o olho, esperando ver ela de pé do lado da minha cama, mas não tinha
ninguém lá. Eu me levantei e fui até o quarto dela, mas ela estava dormindo
profundamente. Voltei para a minha cama e deitei para dormir de novo. Quando
estava quase dormindo, senti um calor na mão, como se alguém estivesse segurando
ela. Abri o olho assustado, mas não tinha ninguém lá. Quando eu mexi a mão,
aquele calor sumiu. Eu achei que devia estar com muito sono e que já estava
imaginando coisas, então fechei o olho, virei para o outro lado e dormi. A noite
seguiu sem mais nada de estranho, e só acordei na manhã seguinte. Quando fui ao
banheiro lavar o rosto, notei que a minha aliança não estava mais no meu dedo.
Eu achei isso estranho, já que nunca tirei ela e que com o tempo eu engordei um
pouco e a aliança praticamente "travou" no meu dedo, era realmente MUITO difícil
tirar ela, e praticamente impossível ela escorregar para fora do meu dedo. Eu
voltei para a cama e comecei a revirar o lençol e o cobertor, procurando ela.
Então a minha filha entrou no quarto e perguntou o que eu estava fazendo. Quando
eu falei que eu estava procurando o meu anel, ela foi direto para o meu criado
mudo e falou "é esse?" segurando a minha aliança. Quando eu olhei ela segurando
aquela aliança eu senti um frio subindo a minha espinha. Como ela tinha ido
parar lá? Então eu notei que ela estava em frente a uma foto da Jaqueline (mãe)
que eu tinha lá. Nesse momento eu lembrei do carinho na noite anterior e do
calor na minha mão e os meus olhos se encheram de lágrimas. Então eu entendi
tudo. Era hora de seguir em frente. A minha amada Jaqueline tinha vindo me fazer
uma visita, para me mostrar que já estava mais do que na hora de voltar a viver.
Depois disso eu guardei a aliança e resolvi que já estava na hora de arrumar uma
mãe para a minha querida e amada filha. Pouco tempo depois eu acabei conhecendo
a professora da escola dela (que ela insistia tanto para que eu conhecesse, não
sei porque) e acabei me apaixonando por ela e ela por mim.
Hoje em dia somos uma família feliz novamente e a minha querida Jaqueline já
está com 12 anos. Ela e a minha esposa realmente se amam e se tratam como mãe e
filha. Eu não sou muito de acreditar em fantasmas, mas eu acredito que a minha
falecida esposa teve muito a ver com tudo isso, e depois de muito procurar,
acabou achando alguém que ela achava que seria capaz de me amar e amar a nossa
filha. Até hoje eu acredito que ela que fez a minha filha insistir tanto para
que eu conhecesse a professora dela.
Leonardo - São Paulo - S.P.